Tratamentos para o Ceratocone
O Anel de Ferrara
O anel de Ferrara, também chamado de Anel Intraestromal, é uma órtese rígida, em formato de semicírculo, produzido de polimetilmetacrilato (PMMA). Esta estrutura rígida introduzida na córnea maleável, provoca deformação em sua estrutura e consequente redução da curvatura.
A cirurgia de implante não é considerada uma cirurgia de correção de grau. Sua finalidade é a reabilitação da visão do paciente que não tem boa visão com os óculos. Mesmo após a cirurgia do anel, pode ser que o paciente ainda necessite de óculos ou lentes de contato.
Perguntas mais comuns sobre o uso do Anel de Ferrara
Entre as vantagens do implante do Anel de Ferrara destacam-se a rapidez da recuperação pós-cirúrgica, a ausência de possibilidade de rejeição pelo organismo e o risco mínimo de complicações.
Com auxílio do laser de Femtosegundo, é construído um túnel na córnea para o implante do anel. Posteriormente, os segmentos são introduzidos.
A cirurgia do Anel de Ferrara é considerada extremamente segura e eficaz. Para realizá-la, é utilizado somente um colírio anestésico, sem necessidade de anestesia geral ou internação.
Usamos um tampão de acrílico durante 7 dias, para que não haja risco do paciente coçar os olhos durante a noite e remover o anel do lugar.
A intervenção é rápida e dura cerca de 30 minutos, sendo que o paciente permanece acordado durante todo o tempo.
Cuidados com a higiene são fundamentais durante a recuperação. O paciente deve sempre lavar as mãos antes de aplicar colírios e limpar os olhos com gaze e soro, quando necessário.
Prescrevemos colírios antibióticos e anti-inflamatórios para reduzir o desconforto e o risco de infecções. Num período de 30 dias, suspendemos contato com piscina, banho de mar, rio pelo risco de contaminação, assim como o uso de maquiagens.
O pós-operatório da cirurgia de Anel de Ferrara é relativamente rápido. Cerca de 7 dias depois do procedimento, o paciente já pode retornar normalmente às suas atividades cotidianas.
A recuperação completa da visão, porém, só acontece em torno de 6 meses. A córnea vagarosamente vai se ajustando à estrutura rígida que foi implantada. Neste período, pode acontecer o que chamamos de flutuação da visão, ou seja, o grau pode aumentar ou diminuir.
O implante de Anel de Ferrara é indicada para os casos em que o paciente não alcança boa visão nem com óculos, nem com lentes de contato. E também para aqueles que, de forma alguma, não conseguem usar lentes de contato.
Lembrando que este não é um procedimento que corrige problemas refrativos. Quase metade das pessoas que fazem a cirurgia do anel de Ferrara precisam utilizar óculos ou lentes de contato após o procedimento.
É importante ressaltar, no entanto, que a cirurgia de Anel de Ferrara não cura o ceratocone. Mesmo o paciente tendo sido submetido ao implante de anel, casos com comprovada progressão do Ceratocone devem ser avaliados sobre a possibilidade de realizado o procedimento de Crosslinking.
O Crosslinking Corneano
Até o final dos anos 90, o transplante de córnea penetrante era a única forma de tratamento cirúrgico. Hoje, existem vários procedimentos diferentes, indicados de acordo com cada caso. O crosslinking é um tratamento cirúrgico que impede a progressão da doença. Este procedimento induz um aumento da rigidez e da resistência da córnea, permitindo que ela não se altere com o passar dos anos, diminuindo os impactos à visão e à qualidade de vida do paciente.
Perguntas mais comuns sobre a cirurgia de Crosslinking
A técnica consiste na aplicação de um colírio especial à base de riboflavina (vitamina B2), que, posteriormente, é ativado por um feixe de luz de raios ultravioleta, durante 10 ou 30 minutos( dependendo da técnica utilizada). Esta reação estimula a contração e a união das fibras de colágeno, o que aumenta a resistência da córnea e reforça sua estrutura, minimizando consideravelmente as chances de progressão do ceratocone e pode retardar sua evolução e até mesmo estagná-lo.
Uma das vantagens do crosslinking da córnea é que mesmo pacientes que já fizeram cirurgias prévias nos olhos podem se valer de seus benefícios.
A cirurgia é minimamente invasiva e pode ser feita apenas com anestesia tópica, por meio do uso de colírios anestésicos. Não é necessário anestesia geral.
O procedimento dura em torno de 30 a 40 minutos e o paciente recebe alta no mesmo dia, sem necessidade de internação, repouso ou jejum.
O último passo, após a aplicação da luz, é a colocação de uma lente de contato terapêutica. Ela atuará como uma espécie de curativo sobre a retina, enquanto o epitélio cicatriza. Este processo leva em torno de sete dias e, depois desse prazo, a lente deve ser retirada.
Além da lente terapêutica, o paciente deverá utilizar um colírio antibiótico por cerca de sete dias e um colírio anti-inflamatório por, aproximadamente, um mês.
Também prescrevemos analgésicos comuns para os casos de ardência e dor que varia de leve a moderada.
É comum que os pacientes desenvolvam fotofobia e visão embaçada após a realização do procedimento porque o olho foi manipulado e exposto à Riboflavina. A recuperação da visão acontece gradualmente e, por volta de 30 dias, volta ao normal.
Em alguns casos, os pacientes experimentam uma pequena melhora na visão, ainda que esse não seja o objetivo do procedimento.
O Crosslinking é indicado apenas para pacientes em estágios leves ou moderados do Ceratocone, cuja espessura corneana seja maior ou igual a 400 micra e curvatura seja inferior a 50 dioptrias.
É contra-indicado para os casos de cicatriz corneana, histórico de herpes ocular e, no caso das mulheres, não pode estar em fase de gestação.
Transplante de Córnea
É indicado para os casos avançados de ceratocone. Em função das outras opções cirúrgicas, a necessidade de transplante de córnea vem se tornando cada vez mais rara. Até a década de 90, era o único procedimento realizado como tratamento para o Ceratocone.
Perguntas mais comuns sobre o Transplante de Córnea
O transplante pode ser realizado com anestesia local ou geral. Se optarmos pela local, ele receberá sedação para ficar mais tranquilo e relaxado. Hoje em dia, o transplante de córnea que emprega a anestesia geral é seguro e tem a vantagem de proporcionar conforto para o doente e deixar seu olho imóvel, o que facilita o trabalho do cirurgião. Às vezes, porém, as condições clínicas não permitem que se use a anestesia geral.
A troca da córnea pode ser feita de forma parcial ou completa.
O Transplante Lamelar faz a troca das camadas superficiais da córnea, preservando uma camada nobre do tecido chamada de Endotélio. É um tipo de transplante que apresenta baixos níveis de rejeição, já que o tecido não é trocado integralmente. Além disso, tem um tempo de recuperação um pouco mais rápido.
Já o Transplante Penetrante é o nome dado ao procedimento de troca completa de todas as camadas da córnea. Neste procedimento, a córnea é substituída integralmente por uma córnea doadora e saudável. O tecido é suturado com pontos muito finos.
Em regra, a pessoa faz o transplante e algumas horas depois pode voltar para casa, mas sai com o olho ocluído para protegê-lo.
Cuidados com a higiene também são fundamentais durante a recuperação. O paciente deve sempre lavar as mãos antes de aplicar colírios. Caso seja necessário limpar os olhos, o ideal é que a limpeza seja feita com gaze e soro fisiológico.
Prescrevemos colírios antibióticos e anti-inflamatórios para reduzir o risco de infecções e de rejeição. Num período de 30 dias, suspendemos contato com piscina, banho de mar ou rio pelo risco de contaminação, assim como o uso de maquiagens.
Num primeiro momento, a visão do receptor da córnea fica embaçada em função da manipulação do olho. Depois de alguns dias o receptor passará a enxergar melhor.
Os retornos com o médico são regulares, sendo mais frequentes no primeiro mês e depois mensais.
Os casos de rejeição são raros. A córnea é um tecido sem vasos sanguíneos, isso a protege de ser invadida por células de defesa do nosso organismo que atacariam o transplante.
Se o doente for atendido numa fase inicial, quando começa a queixar-se de que o olho está um pouco mais vermelho, lacrimejando e a visão mais embaçada, os resultados são melhores. O problema é maior quando os sintomas da rejeição estão em estágio avançado.
Passados seis meses depois do transplante, a possibilidade de rejeição cai bastante, embora ela possa ocorrer sempre e seja mais frequente nos primeiros seis meses depois da cirurgia. Estão menos propensos à rejeição, pacientes com a córnea menos vascularizada e com mais idade.
É importante explicar que a rejeição não significa que o paciente tenha perdido o olho. Se a córnea que era transparente, edemaciou, ficou opaca, é possível trocá-la por outra. No entanto, os episódios de rejeição acabam comprometendo as condições adequadas do receptor e favorecem a exposição de vasos sanguíneos. Como consequência, a cada novo transplante, o risco de rejeição aumenta.